A Sociolingüística há muito tempo vem estudando a caracterização e o uso das variações lingüísticas, mas é bem recente sua aplicação ao ensino/aprendizagem de línguas, especialmente da língua materna. Com isso, o presente caderno relacionou língua e cultura, identificando os principais dialetos do Português, caracterizou a norma culta, a linguagem literária e a língua oral e escrita e identificou os traços da intertextualidade, seus vários tipos e os pontos de vista nas diversas interações humanas.
A cultura, entendida como o conjunto de formas de fazer, pensar e sentir de uma pessoa ou de uma sociedade é uma construção histórica e varia no espaço e no tempo e língua é, ao mesmo tempo, a melhor expressão da cultura e um forte elemento de sua transformação. E como ela tem um sistema aberto a ser seguido, a mesma oferece inúmeras possibilidades de variação de uso, que criam, junto ao contexto, interações sempre novas e insaciáveis.
O sujeito aprende a sua língua em convívio com as pessoas ao seu redor e não tem consciência da norma a qual ele vai internalizando. Querendo ou não, tendo consciência ou não, ele pertence a grupos. E pertencer a um ou vários grupos e usar a língua característica desses grupos é uma contingência. É difícil a um gaúcho fazer de conta que não o é. Então aparecem as gírias, os dialetos... e ele, o sujeito vai se comunicar sem barreiras, sendo informal, ou com barreiras, formalmente. Esse mesmo sujeito vai escolher a variante a ser usada em cada ato específico de comunicação tido como registro.
O ensino-aprendizagem de qualquer língua deve dar-se com o uso de textos, porque é por meio deles que pensamos e interagimos. Deve ser o centro de todas as atividades que envolvem o ouvir, o falar, o ler e o escrever, e a análise lingüística só pode ser significativa para os alunos, se apoiada em textos que contextualizam cada uso do vocabulário e da morfossintaxe. Fica claro, assim, que é o texto que nos faz pensar, divertir e que enriquece nossas experiências e nos coloca no centro da vida.
Visando essa abordagem, o TP1 teve suas unidades assim divididas:
Unidade 1 – Variantes lingüísticas: dialetos e registros Unidade 2 – Variantes lingüísticas: desfazendo equívocos Unidade 3 – O texto como centro das experiências no ensino da língua Unidade 4 – A intertextualidade
A originalidade dos processos intertextuais deve-se muito ao ponto de vista, questão importantíssima em qualquer forma de interação e acaba sendo o ângulo de onde cada interlocutor participa do processo dessa interação.
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